À medida que nos aproximamos do final de mais um ano, somos muitos vezes impelidos a parar por uns instantes.
Parar para olhar à nossa volta com renovada atenção. Parar para, neste mundo acelerado, vermos em retrospetiva e de forma mais pausada o que este ano trouxe de bom e de menos positivo.
Neste meu último artigo de 2024, poderia partilhar convosco um balanço do ano que, inevitavelmente, seria marcado, em termos políticos, pelas eleições regionais, nacionais e europeias, mas também pelas eleições norte-americanas, e pelas notícias das guerras e dos conflitos que, diariamente, nos entram casa adentro e nos inquietam e preocupam.
Poderia manifestar a preocupação com o atual rumo da governação regional que, pouco a pouco, hipoteca o futuro dos nossos filhos sem que isto provoque grandes sobressaltos cívicos ou sequer reparo de tantos comentadores, hoje mais silenciosos e condescendentes do que num passado não tão distante.
Em vez disso, quero apenas lembrar que, num mundo marcado pela incerteza, todos os dias há pequenos milagres e grandes conquistas.
Desde os pais que tudo fazem para, num contexto de grandes dificuldades, proporcionar um futuro decente aos seus filhos, até às inúmeras instituições que dão o seu melhor para ajudar aqueles que mais precisam, até aos estranhos que se unem em gestos simples de solidariedade e de simpatia para com os outros.
Esta é a altura do ano em que estamos mais despertos para ver menos o mundo a preto e branco e mais propícios a conjugar o presente com a expressão “nós” e não com a expressão “eles”. Mais despertos para procurarmos ver o melhor que há em cada um e para nos lembrarmos que, afinal, todos temos fragilidades e que todos precisamos uns dos outros.
Nesta quadra, há algo que nos inspira a querer ser um bocadinho mais e um bocadinho melhores. E isto, bem vistas as coisas, é um suplemento de boa vontade que devemos prolongar o máximo que pudermos.
A todos vós - bem como às vossas famílias - um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de esperança.